segunda-feira, 13 de junho de 2016

Como superar o fim de um relacionamento em cinco etapas


  



Tenho certeza de que você vai sobreviver

Por Valquíria Vita
valquiria@txtconteudo.com.br


Existem cinco fases do luto. Se você não sabe isso ainda, é porque você é muito feliz e este texto não é para você. Mas se você sabe do que estou falando, segura aí.
Um grande equívoco é que as pessoas costumam achar que essas fases se aplicam apenas à morte. Mas não. Passamos pelas fases do luto também em finais de relacionamentos ou finais de importantes etapas de nossas vidas. Já passou por uma fossa? Veja se você se identifica:

Fase 1: A Negação

Seu corpo e sua mente se recusam a aceitar que você e seu até-ontem-amor não estão mais juntos. Você intercala momentos de profunda tristeza com impróprios episódios de euforia. Você mantém as fotos do casal no Facebook, continua usando o anel (ou o colar, a correntinha), dorme com a camiseta que ainda está com o cheiro da pessoa, manda textão (por email, por Whats, por carta) e, como um lunático, liga insistentemente para o ex, porque você simplesmente não-está-acreditando-que-esse-término-é-definitivo.
Acontece que ele é…

Fase 2: A Raiva

Quando você finalmente se dá conta de que o término é real (o tempo para a pessoa chegar a essa conclusão varia de acordo com o grau de teimosia de cada indivíduo), vem a vontade de agredir alguém (não necessariamente o causador da raiva). Você se sente mais injustiçado do que a família Stark, você solta patadas nos colegas de trabalho, nos amigos, na família (coitada da família, essa fase é tensa e eles sofrem – principalmente os irmãos). Sei de gente que enforcou ursinho de pelúcia nessa fase (literalmente, amarrou um cadarço de tênis no pescoço do urso e o pendurou no teto do quarto). Muito representativo. Ou de gente que doa as roupas e sapatos do ex para a campanha do agasalho. Muito solidário. Na fase da raiva, você vê casais felizes na TV e você grita palavrões horríveis para eles, porque, se você não vai ser feliz, ninguém mais vai ser, nem os atores da televisão!; você passa qualquer música romântica que o Spotify possa tocar; e você acredita que você nunca mais será capaz de rir na sua vida (mas você vai, inclusive disso).
Antes de chegar a fase que você volta a rir, no entanto, vem a etapa mais dark de todas…

Fase 3: A Depressão

Essa fase pode ser muito produtiva. Basta você saber usá-la. Sabe Deus quantos textos de chorar eu escrevi enquanto passei por essa fase. Hoje eu os releio e só reviro os olhos, tamanha babaquice. Tem gente que faz maratonas incríveis de binge-watching no Netflix, por exemplo, já que a vontade de se arrumar e sair de casa para interagir com humanos enquanto se está na deprê é zero. Cada um, portanto, tem que saber curtir a sua fossa do seu jeito. O importante é saber quando sair dela. Saia dela.

Porque, quando você sair… finalmente iniciam as fases boas! Que são a Fase 4, A Aceitação, e a Fase 5, A Motivação. Aí você já tirou as fotos de todas as redes (do celular, dos arquivos, da nuvem e até as impressas, se existiram), já aceitou a insistência daquela amiga para entrar no Happn, já está se animando (mesmo que pouco) para sair de novo, consegue até manter conversas com todas as pessoas e a achar, de fato, outras pessoas interessantes.

Quando você sente que chegou aí, é porque o pior já passou! Mentalizar isso ajuda.
Mesmo que você não tenha visto ninguém morrer (literalmente), se o término aconteceu para você, é necessário passar pelas fases. E você vai passar, e vai ser uma merda. Se você tentar ignorar, fugir disso, insistir na fase da negação, uma hora, essa merda vai bater, acredite, em mim. Então é melhor que você enfrente isso sem demoras.

Eu sei (juro que sei) que, dependendo do tamanho do tombo, é muito difícil acreditar que você vai se recuperar. Mas, sério, você vai. No seu tempo, você vai voltar às suas atividades normais. Com o passar dos meses, o pensamento “que merda, essa não é a minha vida” não vai mais ser a primeira coisa que surgirá na sua cabeça de manhã (vai ser a segunda).

O interessante sobre pés na bunda é saber que às vezes você leva, às vezes você dá (sim, a primeira opção dói BEM mais). Mas assim é a vida, shit happens, e temos que saber lidar com ela. Não leve para o lado pessoal, porque acontece para todo mundo (para alguns, mais).

Nessa hora, vale acreditar naquela frase ridícula “não era pra ser”. Logo após o término, é fácil achar que aquela é a pior coisa que aconteceu na sua vida, mas não vai demorar para você perceber que, na verdade  coisas ainda piores irão acontecer o que “você perdeu” foi tipo uma oferenda que voltou para Iemanjá. Então se você pensar racionalmente… você só ganhou.

Você vai sobreviver, e não, você nunca mais vai ser a mesma pessoa. Mas isso não é, de forma alguma, algo ruim, já que se sai disso tudo muito mais esperto, e, depois de algum tempo (percebam que a chave desse texto todo é a palavra “tempo”), é possível ser capaz de fazer piada com a tragédia. Ou, quem sabe, até de escrever um texto rindo sobre isso.

Texto original publicado aqui:
http://levelcult.com.br/manual-da-fossa-saia-dela-em-cinco-etapas/ 

 


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