terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Quando eu me tornei repórter nos Estados Unidos

Estou nos Estados Unidos ha quase dois meses e confesso que nao estou com vontade alguma de voltar pra minha vida antiga.

Quando eu penso que marco já esta começando, e logo depois vem abril e maio, e nos primeiros dias de junho eu já tenho que estar de volta chega a me dar uma tristeza antecipada. 

Sinceramente, antes de viajar eu jurava que ia ter noites aqui que eu ia afundar a cabeça no travesseiro e chorar de saudades de casa, ou chorar de medo de estar num pais novo sozinha. Eu ateh prometi pra mim mesma que se isso acontecesse, eu não ia ficar escrevendo coisas deprimentes no blog, porque seria muito egoísta da minha parte, depois de ter passado por tudo o que eu passei ateh chegar ateh aqui. Mas essa tristeza nunca veio e eu nunca precisei fazer esses posts.

Mas como dizem que a vida eh aquilo que acontece enquanto a gente esta fazendo planos, vou fingir que não estou percebendo o quão rápido o tempo esta passando e vou continuar aproveitando ao máximo tudo o que esta acontecendo aqui.

Há algumas semanas eu larguei uma das minhas disciplinas pra poder me dedicar mais ao jornal. Sim, imigracao, EU SEI, que eu disse no dia do visto que vinha pra America pra estudar apenas. Mas as coisas foram acontecendo. E eu estou trabalhando legalmente, antes que alguem ja pense alguma coisa. 

Bem, achei que fazia sentido largar uma, afinal eu vim aqui já sendo formada em jornalismo e valeria mais a pena passar mais tempo escrevendo matérias do que ouvindo um professor falar. De fato, foi a melhor decisão que tomei. 

Depois que fiquei com mais tempo comecei a fazer três matérias por semana no Collegio. Tem duas grandes vantagens nisso. Uma eh que eu recebo por matéria publicada e esse dinheiro que eu nem contava que ia receber vai me levar a Nova Iorque em maio. E a outra eh que o meu inglês melhorou demais nesse ultimo mês. Eu faco uma media de duas entrevistas, todos os dias. Já entrevistei pessoas que eu nunca imaginava que ia entrevistar. Em uma matéria pro Valentine’s Day, por exemplo, entrevistei um casal em que o guri faz parte do US Army e esta no Iraque, enquanto ela esta esperando ele aqui (sim, eu também me fiz a mesma pergunta, “mas ainda tem tropas no Iraque, Obama?”. aparentemente, sim).

O predio onde fica o jornal que eu trabalho


Os dias foram passando e hoje eu já consigo sentar na frente do computador com minhas anotações e, em menos de uma hora, consigo redigir uma matéria, sem nem precisar consultar as palavras num dicionário. A historia já vem pronta em inglês na minha cabeça. E pensar que antes de eu vir pra ca eu não me sentia segura nem em mandar um email em inglês.

No dia em que duas matérias minhas foram capa do jornal pela primeira vez, eu ri sozinha ao ver meu nome, Val Vita (aqui não sou Valquiria, porque esse nome, aparentemente eh impronunciável para os americanos).

Escrevo basicamente matérias relacionadas ao que acontece no campus, mas da pra descobrir umas coisas muito interessantes. Investiguei esses dias quanta comida vai fora no refeitório (aquele que a gente come ateh morrer) e descobri que 5.000 pounds de comida vao pro lixo toda semana. Meu editor, que eh frances, disse que um americano nunca teria tido essa ideia de pauta. 

O Gerard eh ótimo e, além de ser meu editor eh meu professor, e o mais exigente. A bio dele no Facebook resume tudo: “It's good, but it's not that good." Author: I think I said that. Quase consigo ouvir ele dizendo essa frase.

Fora do trabalho, tenho aulas de como escrever reportagens, reportagem avançada e a minha preferida, edição. Estou quebrando a cabeça, mas nunca aprendi tanto jornalismo como estou aprendendo esse semestre. Nas aulas de edição, por exemplo, a gente realmente aprende a ser um editor. O professor (o Gerard) da muito, muito tema, nos da leads complicados que temos que simplificar, textos com erros que temos que corrigir. Tambem estou tendo dicas de tecnicas de entrevista, entao as minhas fontes que se preparem, porque quando eu voltar eu vou tocar o terror. 

Minha cama em um domingo de manha

Percebi que em inglês ou português, a logica do jornalismo eh a mesma. O texto tem que ser claro e preciso, e sem qualquer erro gramatical. E o jornalista tem que se perguntar a toda hora o que o leitor precisa saber e o que não vai fazer diferença alguma na vida dele depois que ele ler a materia. Alem disso, estou aprendendo como capturar a atenção do leitor em três segundos, já que eh esse o tempo que demora pra ele decidir se continua a leitura ou vai pra próxima pagina.

Os dois livros que estao ensinando tudo o que preciso saber sobre jornalismo


Enfim, eh isso o que eu estou estudando, e estou amando, já que sempre fui apaixonada por textos.

Se interessar pra alguém, aqui estão os links das ultimas matérias que eu publiquei aqui. Talvez de pra perceber que o jeito de escrever aqui eh diferente. Eles nunca usam outro verbo a nao ser o say (dizer) pra se referir ao que uma fonte disse. Nunca usam afirmou, explicou, essas coisas. Cheguei a conclusao que faz sentido mesmo, o say eh o unico verbo que eh neutro. 










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