Se você já morou fora (e voltou pro mesmo lugar) talvez você consiga compreender esse texto um pouco melhor.
Escrevo porque vários acontecimentos dos últimos meses me deixaram pensando nessa coisa da saudade. E tudo o que aconteceu fez com que eu me tornasse uma pessoa muito mais cética.
Hoje digo com certeza que não acredito mais em quem diz que está com saudades de mim. Não me venham com essa palavra, porque eu não compro mais. Comprava, achava linda, essa palavra só da nossa língua. Hoje já não sou mais assim.
Quando eu estava morando em outro país, muita gente, muita gente mesmo, vivia me escrevendo saudades. Uns contavam os dias (juro) pra eu voltar pro Brasil, diziam que tinham sonhado que eu tinha voltado (!).. bom.. diziam all kinds of crap.
Quando eu voltei pra casa demorou pouco tempo pra eu perceber que é muito mais fácil escrever que a gente sente falta de alguém do que de fato demonstrar isso com ações.
Finalmente eu estava aqui, e, de repente, a tão falada saudade deu lugar a um monte de gente muito ocupada com as atribuições do dia a dia pra se importar com qualquer outra coisa.
Quando eu voltei pra casa demorou pouco tempo pra eu perceber que é muito mais fácil escrever que a gente sente falta de alguém do que de fato demonstrar isso com ações.
Finalmente eu estava aqui, e, de repente, a tão falada saudade deu lugar a um monte de gente muito ocupada com as atribuições do dia a dia pra se importar com qualquer outra coisa.
Cheguei a essa conclusão, depois de muito quebrar a cara esse ano (inclusive depois de ter ido morar no mesmo apartamento de uma pessoa que me dizia isso todos os dias).
Não acredito mais no 'tô com saudade'. Quem sente saudade não percebe que quando a pessoa tá longe é bem mais fácil lembrar só das coisas boas e legais. E não se dá conta que no dia a dia a história não é assim. Quando você percebe que tem que dividir a pia, a máquina de lavar, as contas, a vida fica um pouco mais complicada do que a amizade por Skype, né? Parece óbvio, mas pra mim não era, e eu tive que entender isso do pior jeito possível.
'A saudade é traiçoeira', que nem disse meu amigo Rod. Até nós mesmos não conseguimos nos lembrar de todos os sufocos que passamos nos EUA. Sentimos tanta falta de lá, que só lembramos da parte boa. E com as pessoas é a mesma coisa. 'É fácil amar alguém quando esse alguém tá longe', disse o Jeferson essa semana.
Não sei se existe solução pra isso. Também não acredito que todas as pessoas dizem saudade levianamente - só acho que algumas falam sem pensar. De qualquer forma, acredito que antes de sair escrevendo 'saudade' pra deus e o mundo que estão longe, acho mais válido primeiro pensar um pouco se a gente tá dando a devida atenção pras pessoas que estão perto.
O que inspirou esse post foi um outro texto, da minha amiga também jornalista, Grazi. Aqui o link do texto dela, que cita uma ótima poesia do Mario Quintana: “O sumo bem só no ideal perdura…/Ah! Quanta vez a vida nos revela /Que “a saudade da amada criatura” / É bem melhor do que a presença dela…”
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