Por Valquíria Vita
valquiria@txtconteudo.com.br
Nem todas as pessoas desenvolvem as mesmas qualidades. Algumas
pessoas são bonitas, outras são simpáticas, outras, inteligentes,
algumas, boas de cama e outras (poucas) sabem estacionar entre dois
carros em um morro. O fato é que é praticamente impossível que uma
pessoa possua todas essas características positivas. Se você acha que
possui todas elas, provavelmente, você se acha demais. Repense.
E é super aceitável (e, inclusive, esperado) que a pessoa não seja apenas virtudes. Existe uma qualidade, no entanto, que não é intrínseca a todos os seres humanos, mas que, diferentemente de beleza e inteligência, deveria sim, fazer parte de todos nós.
Falo da empatia: capacidade de se colocar no lugar do
outro, de tentar (pelo menos, tentar) compreender sentimentos e emoções
da outra pessoa, ou então de apenas demonstrar interesse no outro.
Parece algo simples e óbvio, mas quanto mais conheço e
convivo com pessoas, mais me convenço de que a empatia é uma
característica em falta nos seres humanos.
As pessoas querem ser ouvidas. Fato. O que é normal, aliás. Mas quem quer ser ouvido, tem que saber que também precisa ouvir.
É uma via de mão dupla. Caso contrário, isso se chama terapia, análise…
(e a sessão custa R$ 200 a hora — porque só quem ganha bem tem saco
para isso).
Todas as formas de relação, sejam elas amorosas, de amizade
ou familiares, fazem parte dessa via de duas mãos. Se não está tendo
tráfego nos dois lados dessa rua, é porque algo está errado. Você tem
que dar um pouco e receber um pouco (de preferência, em mesma
quantidade). Princípios básicos de relacionamento, que ainda precisam
ser explicados.
Portanto, não seja aquele ser auto-centrado que só sabe
falar de si mesmo, que acha que todo mundo quer ouvir as suas histórias
durante o jantar (na maioria das vezes, as pessoas não querem ouvir
história nenhuma, sejamos francos). Não seja aquela pessoa que quando
alguém pergunta “tudo bem?”, responde com um “tudo”, e, dali em diante,
desata a falar sem parar, esquecendo da óbvia pergunta de volta “e tu, tudo bem também?”.
Não alugue as pessoas. Se precisar disso, ok; algumas fases
da vida requerem um certo apoio psicológico dos conhecidos… em alguns
momentos, precisamos mesmo ser mais ouvidos do que em outros. Mas esteja
disposto a retribuir essa atenção, interesse-se pela outra pessoa de
volta. Nem que você tenha que fingir este interesse,
pelo menos no início. Com o tempo, a empatia virá naturalmente, e você
vai ver que nem foi tão difícil assim — e que escutar as histórias dos
outros pode ser tão interessante quanto dividir as suas. Quem sabe você
até não encontra soluções para suas situações a partir das situações
relatadas por outras pessoas?
A empatia é simples e a falta dela é uma questão ainda mais
fácil de ser resolvida. Faça um esforço, nem que esse esforço seja
diário, e, pelo bem da vida em sociedade, se você acha que ainda não a
possui, desenvolva-a.
Texto publicado no blog da Level Cult:
http://levelcult.com.br/empatia/
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