sábado, 14 de janeiro de 2012

O dia em que as ruas viraram pista de patinação

Tivemos uma semana inteirinha de orientação. Durante esses dias conheci todos os outros internacionais. São cerca de 130, a maioria veio para fazer um curso intensivo de inglês; alguns, que é o meu caso, para graduação; e outros, para MBA. Foram muitos almoços e jantares pra que a gente se conhecesse. Tem gente da Finlandia, do Paraguai, muitos guris da Arabia Saudita e da India, de Taiwan, da China e da Coreia do Sul. As novas gurias da Coreia, pra mim, são as mais engraçadas, por serem extremamente timidas. Elas não conseguem falar nada sem ficar com vergonha.

Fizemos teste de tuberculose (cacete de agulha). Caso desse positivo teriamos de ficar isolados e depois de um tempo voltar pro país. Nos dias seguintes tivemos uma série de palestras com os professores daqui. A que eu mais gostei falava sobre a adaptação em um novo pais e o professor usou uma planta pra explicar o que queria dizer. Disse que aquela planta não estava feliz em um pote tão pequeno e que precisava ir para um maior. Mas para entrar nesse pote maior essa planta teve de deixar muita coisa pra trás (quase tudo, eu diria) e estar pronta pra receber muito mais terra pra se adaptar num pote bem maior. Parece bobo, mas é exatamente o que eu to sentindo. Deixar tudo pra trás não é simples assim. Principalmente porque nesse tudo tinha muitas pessoas.

Conhecemos gente muito legal da cidade nessa semana. Fomos em algumas igrejas, onde a gente provou comida de verdade americana, tipo arroz, milho, presunto, almondegas. Parece comida meio parecida com a nossa do Brasil, mas acreditem, não é. Numa dessas jantas, me perguntaram se eu era europeia. Sei que isso não foi patriota, mas fiquei com vontade de dizer que sim. A real é que as pessoas nos acham de pele muito clara (eles dizem `too light`) pra ser do Brasil.

Tivemos uma tarde livre e fomos (os brasileiros e um americano, chamado Kyle) jogar basquete numas quadras ao ar livre, porque tinha um solzinho. Mas uma hora depois já não dava mais pra aguentar o frio. Naquela noite, por acaso, eu acabei comprando um casacão pro frio, e, coincidentemente, algumas horas depois, começou a nevar! E deve ter nevado a noite inteira porque estava tudo branco quando olhei pela minha janela de manhã.

Saí de casa na maior empolgação pra ir pra faculdade, cheia de roupa, manta, bota. E comecei a rir sozinha no meio daquele branco, olhando pra todos os lados, pros telhados e os carros cobertos de neve e pensando em como tudo aquilo era bonito até que EEEEPA. Escorreguei. Andar na neve fofinha da grama é ok, mas as calçadas e as ruas ficam congeladas, tipo pista de patinação de gelo, e requer habilidade pra caminhar. Todo mundo fica escorregando o tempo todo. É ridículo.

Mas a empolgação de ver a neve continuou e tiramos muitas fotos naquele dia. Estava 12º F, o que representa mais ou menos - 10º. Nunca na minha vida vi frio assim. (Como disse a Natalia, que é de Nova Prata, 'nunca essas botas, que saíram do interior, acharam que iam ver uma neve dessas'). Mas já nos disseram que isso no es naaada. Ano passado as aulas foram canceladas por uma semana, porque os estudantes não conseguiam nem sair de casa de tanta neve.


Tô tri empolgada com as minhas aulas, que começam na terça, porque segunda é feriado de Martin Luther King. Decidi que se estou aqui pra estudar vou estudar como  nunca estudei antes (sorry, UCS). Então já estou matriculada em seis disciplinas de Jornalismo (uma de Filosofia). As cadeiras aqui são duas ou mais vezes por semana e têm muito homework, coisa que eu não tinha em Caxias. Mas estou totalmente preparada pra isso. Acho.

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