Por Valquíria Vita
valquiria@txtconteudo.com.br
Uma pesquisa confirmou o que muita gente já sabia: o Tinder é um
joguinho triste de jogar. Até concluir o óbvio, no entanto,
pesquisadores de Oxford precisaram analisar 19 milhões (!) de mensagens
trocadas pelo Tinder. Vamos falar em Tinder, mas pense que isso se
aplica ao Happn, ao Grindr e a qualquer outro aplicativo que você,
solteiro, possa estar se agarrando. Porque é tudo farinha do mesmo saco
da ilusão.
A história é mais repetitiva do que assassinato em novela: você acha
alguém bonitinho (veja bem que não precisa nem ser lindo, já estamos
falando de gente bonitinha), dá um like, ele te dá um like de volta,
vocês trocam algumas mensagens. O interessante nessas mensagens é que
algumas pessoas agem como se fossem realmente íntimas umas das outras e
relatam detalhes do seu dia, como se os dois ali já fossem velhos
conhecidos rumo a um relacionamento sério. Mas a conversa, que parece
estar fluindo tão bem, morre, sem qualquer tipo de aviso prévio, apenas alguns dias depois. E com isso, inicia-se um embate interior de quem ficou no vácuo:
“Por que será que ele não me escreveu mais?”
“Ai meu deus, será que eu não devia ter falado aquilo?”
“Será que ele olhou melhor as minhas fotos e não gostou?”
“Será que sou eu?”
“Sim, com certeza sou eu”
“Nossa, que perdedor, eu não consigo nem manter um papo no Tinder, cara, imagina na vida real!”
“Tem algo muito errado comigo, eu já sabia, isso só confirmou!”
Para.
A boa notícia nessa história toda é que se você achava que isso só acontecia com você, você achou errado.
A pesquisa de Oxford mostrou que a incoerência nos aplicativos de
solteiros está justamente aí: na falta de continuação das conversas. A
maioria daquelas mensagens analisadas pelos pesquisadores ficou sem
resposta também.
E por que? Porque quase ninguém está levando aquela conversa a sério.
O Tinder é uma coisa tão rápida, tão superficial – e tem tanta gente
lá para conversar – que fica difícil mesmo manter o foco e o interesse
em uma pessoa só.
O estudo comprova que não, não há nada errado com você.
Isso é uma tendência geral. As conversas morrem no Happn e no Tinder, e
morrem com a mesma facilidade mesmo quando migram para o Whatsapp. O
desinteresse não escolhe o aplicativo. O importante é entender que isso
não é nada pessoal, não é você que está fazendo nada errado. Apenas… Não
leve o Tinder tão a sério!
Talvez falte lembrar que a sua noite mais legal não foi aquela que
você ficou em casa dando match nos boys do Happn. E sim, aquela que, sem
ter sequer planejado nada, você conheceu alguém que te ensinou, com a
maior paciência do mundo, a dançar forró. Talvez te falte apenas um
pouco de animação para sair da cama e conversar de verdade com pessoas
que não estão atrás de um celular.
—
*Se você, por alguma razão, realmente encontrou uma pessoa interessante
em um aplicativo de solteiros – e hoje em dia está mantendo um
relacionamento SÉRIO com ela – por favor, escreva para mim e conte sua
história. Adoro casos que fogem à regra.
Publicado no blog da Level Cult:
http://levelcult.com.br/1238-2/
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
terça-feira, 9 de agosto de 2016
A arte de cometer erros – e por que ninguém pode te impedir
Por Valquiria Vita
valquiria@txtconteudo.com.br
Sabe quando teus amigos têm um plano, e você já sabe, mesmo antes de ser concretizado, que aquilo vai dar errado? São diversas as ideias ruins. Eu seria capaz de escrever um livro somente sobre elas (grande parte, ideias minhas também). E eles te contam, porque não basta terem uma ideia ruim, eles precisam passar isso adiante. E você fica com cara de “hmmmm”, mas, na sua mente, você já foi capaz de prever tudo o que vai acontecer. E sabe que ali vai dar uma merda.
Alguns exemplos de ideias claramente ruins, baseados em tragédias reais:
“Vou tomar mais uma tequila. Não jantei, mas foda-se!”
“Vou parar com o anticoncepcional!”
“Vou morar em outro país. Não tenho um real, mas lá eu dou um jeito”
“Vou ir para Buenos Aires. De ônibus!”
“Vou abrir uma empresa com meu ex. Nos damos tão bem!”
“Vou sair para jantar com minha ex, mas nada a ver, super de boa, só para conversar mesmo”
Note que grande parte das cagadas da vida jovem envolvem fazer algo relacionado a um ex. Eu sou uma grande embaixadora da causa “Não mantenha grandes contatos com seu ex. Especialmente contatos físicos.” Se há algo que eu possa ensinar com esse texto, que seja isso. Evite dramas. Mantenha-se afastado.
A questão, e o que tenho observado nos últimos anos, é que não adianta você dizer para esse amigo que ele vai cometer um erro. Assim como você também não escuta quando alguém tenta te dizer o mesmo. Essa é a beleza das cagadas da vida. A pessoa precisa errar, precisa quebrar a cara, para depois, quem sabe, aprender.
Pense nas coisas que você, definitivamente, não faz mais. Certamente não as faz porque teve alguma experiência ruim, que você precisou viver
Uma vez eu me frustrava quando via que meus amigos não ouviam os meus conselhos (sou geminiana e tenho necessidade de ser
Porque amizade é isso. Amizade é estar lá para ver o erro de perto, é consolar, é segurar o cabelo. Mesmo que, lá no fundo, enquanto você faz tudo isso, só o que você consegue pensar é na clássica: “Eu já sabia!”
Texto publicado no blog da Level Cult: http://levelcult.com.br/a-arte-de-cometer-erros-e-por-que-ninguem-pode-te-impedir/
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